Quando Mariana Becker, jornalista da Band retornou ao GP de Singapura da Fórmula 1 no sábado, 4 de outubro de 2025, a cobertura brasileira respirou aliviada depois de uma crise de pagamentos que quase cancelou a presença da emissora no circuito noturno.
A controvérsia começou na quinta‑feira, quando a ex‑produtora da Band e hoje colunista da UOL Julianne Cerasoli revelou, em rede social, que a equipe de reportagem – composta por Becker, um produtor e um cinegrafista – não recebeu a transferência de orçamento prevista pela emissora. Sem o recurso, a jornalista já havia embarcado para o Brasil, temendo que a Band não pudesse garantir a transmissão ao vivo do 18.º turno da temporada 2025.
O GP de SingapuraMarina Bay Street Circuit é um dos mais exigentes da F1, com iluminação artificial e curvas apertadas que exigem produção de alta qualidade. A falta do orçamento "pôs em risco" não só a transmissão brasileira, mas também a cobertura de bastidores que os fãs acompanham ao vivo.
Histórico da crise financeira da Band
Desde o início da temporada, fontes internas apontavam que a Band enfrentava dificuldades para honrar contratos de produção no exterior. Em comunicado interno, a diretoria admitiu que o fluxo de caixa estava "sob pressão" devido ao aumento dos custos de direitos de transmissão e à necessidade de investir em tecnologia de realidade aumentada para as corridas.
Na sexta‑feira, 3 de outubro, o Motorsport.com noticiou que a emissora teria 30 horas para regularizar a situação, sob pena de perder a credencial de imprensa no circuito. Enquanto isso, a bancada de fãs nas redes sociais começou a questionar se a Band conseguiria manter a cobertura das últimas etapas da temporada, que inclui as corridas de Abu Dhabi e de Mônaco.
Como o impasse foi resolvido
Após a denúncia de Cerasoli, uma série de reuniões de emergência foi acionada entre a direção financeira da Band, representantes da Fórmula 1 e o produtor da equipe brasileira. O ponto de partida foi a proposta de que Becker viajasse sozinha, utilizando a equipe de filmagem oficial da própria F1 – um acordo que, embora atípico, permitiu que a transmissão voltasse ao vivo a partir da terceira sessão livre.
Na manhã de sábado, Becker apareceu nos boxes ao lado do piloto brasileiro da Sauber, Gabriel Bortoleto, que havia conquistado a 16ª posição no grid. A jornalista fez entrevista rápida no paddock, e sua voz foi ouvida durante a transmissão da prática 3, sinalizando que a cobertura estava novamente em funcionamento.
Os demais membros da equipe – o produtor e o cinegrafista – não embarcaram, pois o acordo não incluía a cobertura completa. Ainda assim, a solução impediu um vazio total na programação brasileira e mostrou a flexibilidade da Fórmula 1 em lidar com questões contratuais de última hora.

Reações de envolvidos
Julianne Cerasoli, que deu origem à polêmica, afirmou que a divulgação "foi necessária" para pressionar a Band a cumprir seus compromissos. "Quando o orçamento não chega, a credibilidade da emissora fica em jogo", escreveu em seu post.
Do lado da Band, o diretor de conteúdo, Renato Silva, disse em entrevista exclusiva ao UOL que a empresa está revisando seu modelo de financiamento para as coberturas internacionais. "Estamos trabalhando em acordos de coprodução que evitem situações como esta no futuro", garantiu.
Os fãs brasileiros reagiram com alívio nas redes, mas permaneceram cautelosos. Comentários como "Ainda não sabemos se vamos ter transmissão de Abu Dhabi" proliferaram, refletindo a ansiedade em relação ao futuro da cobertura.
Impacto na cobertura da temporada 2025
A crise destacou dois pontos críticos: a crescente escalada dos custos de produção em eventos globais e a dependência de uma única emissora para levar a F1 ao Brasil. Analistas de mídia sugerem que, se a Band não conseguir equilibrar seu orçamento, canais digitais poderão ganhar espaço, oferecendo streams independentes ou até mesmo parcerias com plataformas de streaming globais.
Para a temporada, ainda restam duas corridas: em Abu Dhabi (19 de novembro) e em Mônaco (23 de maio de 2026). Segundo fontes internas, a Band está negociando um “pipeline” de pagamentos que inclui adiantamentos baseados em indicadores de audiência. Caso a solução adotada em Singapura sirva de precedentes, podemos ver mais acordos “on‑the‑fly” nos próximos eventos.

O que vem pela frente para a transmissão da F1 no Brasil
Especialistas preveem que a Band precisará diversificar suas fontes de receita – por exemplo, inserindo mais conteúdo de bastidores em plataformas como YouTube e TikTok, onde a geração Z consome esportes. Também é provável que a emissora busque uma parceria mais estreita com a própria Fórmula 1, talvez adotando o modelo de “feed de produção” fornecido diretamente pela F1, reduzindo a necessidade de equipes próprias em cada GP.
Enquanto isso, Mariana Becker continua em campo, reforçando sua presença nas redes sociais e prometendo trazer entrevistas exclusivas nos próximos fins de semana. "A corrida ainda não acabou", declarou em post ao Instagram, indicando que a jornalista pretende acompanhar as duas últimas etapas da temporada, mesmo que em condições diferentes das habituais.
- Data do acordo: 4 de outubro de 2025
- Local: Marina Bay Street Circuit, Singapura
- Principais afetados: Band, Mariana Becker, Gabriel Bortoleto
- Próximas corridas F1 no calendário: Abu Dhabi (19/11/2025) e Mônaco (23/05/2026)
Perguntas Frequentes
Por que a Band não pagou a equipe de cobertura em Singapura?
A emissora enfrentava atrasos de caixa provocados pelo aumento dos custos de direitos de transmissão e pelos investimentos em novas tecnologias, o que acabou retardando a transferência do orçamento previsto para a produção local.
Qual foi o papel de Julianne Cerasoli na crise?
Cerasoli, ex‑produtora da Band e colunista da UOL, denunciou publicamente a falta de pagamento, acionando a imprensa e forçando a emissora a buscar uma solução rápida para evitar a perda da credencial no circuito.
Como a cobertura da F1 foi mantida no GP de Singapura?
Mariana Becker voltou ao circuito sozinha e trabalhou com a equipe de filmagem oficial da Fórmula 1, permitindo que a transmissão de prática 3 e da classificação fossem ao vivo, embora sem a produção completa que a Band costuma oferecer.
Quais são as implicações para as próximas corridas da temporada?
Analistas temem que a Band possa enfrentar novos desafios financeiros nas últimas etapas – Abu Dhabi e Mônaco – e que a emissora precise renegociar contratos ou buscar parcerias alternativas para garantir a cobertura completa.
O que os fãs podem esperar da cobertura brasileira nos próximos GPs?
Ainda que a produção completa possa ser reduzida, a emissora promete continuar entregando entrevistas, análises e transmissões ao vivo, possivelmente complementadas por conteúdos exclusivos nas redes sociais de Mariana Becker.
O cenário que se desenrolou em Singapura traz à tona questões profundas sobre a sustentabilidade financeira das emissoras esportivas no Brasil; a Band, ao enfrentar um impasse de pagamento, expôs vulnerabilidades que vão além de um simples atraso de verba. A decisão de permitir que Mariana Becker trabalhasse sozinha, utilizando a equipe oficial da F1, demonstra criatividade e resiliência, mas também revela uma dependência perigosa de soluções de última hora. Essa estratégia, embora eficaz para garantir a transmissão da prática 3, pode criar precedentes que enfraquecem a autonomia editorial dos jornalistas. Além disso, o fato de que o produtor e o cinegrafista não puderam embarcar levanta dúvidas sobre a qualidade e a integridade do conteúdo que será entregue ao público. A confiança dos fãs, que já demonstrou alívio, ainda pode ser abalada se novas crises surgirem nas etapas finais da temporada, como Abu Dhabi e Mônaco. As reverberações desse episódio chegam a influenciar negociações futuras, já que a Band considera acordos de coprodução e pipelines de pagamento baseados em indicadores de audiência. Em termos de governança corporativa, a diretoria reconheceu a pressão sobre o fluxo de caixa, sugerindo a necessidade de revisão dos modelos de financiamento. Essa admissão pública pode ser vista como um passo positivo rumo à transparência, mas também como um sinal de alerta para investidores e patrocinadores. O papel da jornalista Julianne Cerasoli, ao expor a situação nas redes sociais, evidencia o poder das vozes individuais na era digital; sua denúncia foi crucial para acelerar a resposta da emissora. Por outro lado, a prática de divulgar problemas internos pode gerar um clima de desconfiança entre colaboradores, que podem temer represálias. A Band, ao anunciar que buscará parcerias mais estreitas com a F1, está alinhando sua estratégia com as tendências globais de produção de conteúdo, delegando parte da carga operacional à federação. Essa mudança pode reduzir custos, mas também pode limitar a capacidade de criar material exclusivo que diferencie a cobertura brasileira das demais. Ainda assim, a presença de Becker no paddock, entrevistando o piloto nacional Gabriel Bortoleto, mantém viva a conexão emocional com o público. O futuro da cobertura dependerá, em grande parte, da habilidade da emissora em equilibrar investimentos em tecnologia, como realidade aumentada, com a necessidade de manter uma equipe de reportagem sólida. Em síntese, a crise em Singapura serviu como um lembrete de que o sucesso de uma transmissão esportiva não se baseia apenas em câmeras e microfones, mas também em uma gestão financeira robusta e em processos de tomada de decisão ágeis. Espera‑se que as lições aprendidas impulsionem mudanças estruturais que beneficiem tanto a Band quanto os entusiastas da Fórmula 1 no Brasil.